terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Andebol – Regras básicas para iniciantes

Andebol – Regras básicas para iniciantes

Para todos aqueles que começam a dar os seus primeiros passos na nossa modalidade, nunca é demais relembrar os princípios de jogo, e verdade seja dita, tenho conhecimento de muita boa gente que se esquece de informar estes pequenos e importantes passos, principalmente aos nossos bambis e minis.

Regras Básicas

Como qualquer desporto, o andebol tem regras. Só sabendo e , por sua vez, cumprindo estas regras é que podemos praticar este desporto.

* A equipa de andebol é formada por 7 jogadores de campo (duas pontas, dois laterais, um central, um pivot e um guarda-redes) e tendo um máximo de 7 suplentes.
* a duração dos jogos depende do escalão. No escalão até aos 10 anos (bambis e minis) o jogo dura 40min, duas partes de 20min e um intervalo de 10min; no escalão dos 11 a 12 anos (infantis) o jogo dura 50min, duas partes de 25min e um intervalo de 10min; nos escalões imediatos a partir dos 13anos (iniciados a seniores) o jogo dura 60min, duas partes de 30min e um intervalo de 10min.
* O terreno de jogo tem forma rectangular compreendido entre duas linhas laterais de 40 m e duas linhas de baliza de 20m.

* O sistema de pontuação diz que só é golo quando a bola passa totalmente a linha de baliza.
* A bola é considerada fora quando ultrapassa totalmente as linhas laterais ou as linhas de baliza.
* A bola é reposta em jogo através de: lançamento pela linha lateral, colocando um dos pés sobre a linha lateral onde a bola saiu e o outro fora do terreno; lançamento de canto, ocorre quando a bola sai pela linha de baliza tendo sido o ultimo jogador a tocar um defesa (excepto o guarda-redes) e é realizado com um pé sobre a marcação de canto; lançamento de baliza, quando a bola sai pela linha de baliza tendo sido o ultimo jogador a tocar um atacante ou o guarda-redes, a bola é passada pelo guarda-redes em qualquer parte da sua área.
* Não há limite de substituições por jogo.
* As acções consideradas falta resultam num lançamento livre. Os jogadores defensores têm de estar no minimo a 3m do local da marcação. Se a falta ocorrer entre a linha de 6m e 9m, a falta é marcada de igual maneira mas sobre a linha de 9m. È permitido marcar as faltas directamente para a baliza. Quando um jogador sofre falta em situação manifesta de golo ou um defesa viola a área do guarda-redes é marcado um livre de 7m. Este marca-se na marca de 7m directamente para a baliza.
* A bola só pode ser jogada com as mãos, caso contrario é falta. Também não é permitido ficar com a bola na mão mais de 3 segundos consecutivos.
* Um jogador não pode dar mais de três passos com a bola na mão sem driblar.
* Não se podem fazer dois dribles consecutivos, ou seja, driblar a bola, agarrá-la e voltar a driblar. Não se pode driblar com as duas mãos em simultâneo.
* O arbitro pode sancionar os jogadores com: advertência (amarelo), exclusão (2 minutos), desqualificação (vermelho, acumulação de exclusões, máx.3) ou expulsão directa (vermelho com cruzeta).


Aqui estão as regras básicas do andebol! como vês não são difíceis! Se és jovem e gostas de desporto, dirige-te ao teu clube local e vai Experimentar…!!!!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Princípios Básicos para Competições de Base, Lucas Leonardo

Princípios Básicos para Competições de Base
9 dezembro 2010 por Lucas Leonardo

Olá!
Este não será um artigo longo, tratarei nele apenas uma inquietação que tive agora a pouco, pensando “cá com meus botões”.
Quando falamos de competições de base, voltado para crianças em períodos da iniciação, temos que nos remeter a alguns cuidados, ou melhor, refletir sobre alguns vícios que trazemos conosco.
Um vício comum é pensar em competição apenas pelo viés do resultado de quadra. Ou seja, inscrevo minha equipe para vencer, e pensando nisso, farei o que for possível para conseguir a conquista. Um reflexo deste pensamento é inscrever 14 alunos/atletas, para uma competição, mas utilizar apenas 7 ou 8 desses alunos ao longo de todos os jogos. Isso está de acordo com o caráter formativo?
Outros vícios bastante comuns são: (1) visando ensinar o handebol para as crianças, transformar o ambiente de jogo em um momento cercado de valores tradicionais, tais como a famosa preleção “motivacional” pré-jogo, (2) jogar estruturalmente e funcionalmente de acordo com o que aparenta existir nos modelos de alto rendimento, proporcionando uma dinâmica de jogo estereotipada do jogo do adulto, enfatizando, desde muito cedo especialidades para cada aluno, criando uma estrutura de jogo demasiadamente fixa e padronizada, (3) além de desenvolver uma dependência muito grande do professor, deixando o desenvolvimento da autonomia para tomar decisões na quadra, através de uma postura de professor “dono da verdade” que manipula seus “bonequinhos” como fazem os militares ao desenvolver táticas de guerra.
Vícios como esses devem ser definitivamente banidos do processo educacional. Não pode existir no ambiente competitivo de base. A final, quem é o protagonista deste momento? A equipe vitoriosa, apenas? O melhor professor, que comanda sua equipe de forma a levá-la à vitória? Ou o aluno, que tem que ter o direito de exercer sua função de protagonista, participando da competição?
Para isso, existem princípios que balizam a ação pedagógica de um “esporte para todos”, que podem muito bem ser transferidas para um ambiente competitivo de base, que deve ser extremamente pedagógico.
Para o professor João Batista Freire (@jbfreire), existem 4 princípios que devem balizar a ação educativa quando falamos do esporte, princípios estes balizadores de um projeto que considero pioneiro nas discussões sobre o “esporte educacional”, que é o Instituto Esporte Educação (visite o site), conforme aparece na figura abaixo:

Figura 1. Metodologia Triangular para o Ensino do Esporte Educacional (Fonte: IEE)
Entendendo cada um dos princípios quando falamos de Competições Pedagógicas para a base:

1.Ensinar esporte para todos – é de fundamental importância que competições pedagógicas pensem em seu regulamento, ou que o professor tenha a conduta ética, em proporcionar a participação equitativa de seus alunos. Isso fomenta um aspecto importante: todos participam e todos aprendem através da possibilidade de serem inseridos no jogo.

2.Ensinar bem esporte para todos – Não basta ensinar bem apenas aquele que é julgado como um talento nato. Ensinar bem esporte para todos significa possibilitar que todos tenham atenção pedagógica. Todos seus alunos participarão das competições pedagógicas (primeiro princípio), logo, todos devem aprender bem, para se sentirem bem quando jogam e quando competem.

3.Ensinar a gostar de esportes – Você consegue imaginar uma criança que joga sendo comandada por um professor como alguém que terá prazer em jogar? Quando jogam, as crianças devem experimentar a liberdade, pois através da liberdade elas passarão a gostar de jogar. Assim, a postura do professor deverá educar para a autonomia e liberdade, mediando os conflitos do jogo e não comandando crianças como se fossem robôs. Você consegue imaginar uma criança que vai para um jogo e não entra na quadra como alguém que gostará de esportes? Novamente os dois primeiros princípios são fundamentais, pois a participação na competição, pautada em um processo de um bom ensino do esporte, proporcionará à criança gostar do esporte que está jogando.

4.Ensinar mais do que esporte para todos – Uma competição pedagógica deve ser um ambiente de aprendizado para além do esporte. Existem estratégias interessantes, por exemplo, para que haja maior interação social entre as crianças, como o desenvolvimento de gincanas entre os jogos, em que as equipes se misturam e brincam, ou mesmo propondo atividades cooperativas, em que todos tenham que atingir objetivos comuns, colaborando uns com os outros, mesmo sendo de equipes diferentes. Pode ser estimulada a democracia, desenvolvendo um sistema de votação em que alunos, árbitros, professores e pais possam votar nos destaques das competições, de forma que todos os votos sejam paritários, mostrando às crianças a importância de votarem conscientemente nos nomes que serão os destaques, além de proporcionar a aproximação de crianças de equipes diferentes, no caso de uma criança da equipe A querer votar numa criança da equipe C, tendo que descobrir o nome dela, perguntando diretamente a ela, ou aos colegas da outra equipe. Podem-se estimular valores como de justiça e ética, através de uma postura dos professores diferente daquela tradicional, sem reclamações absurdas com árbitros, sem exposição da criança a situações de desconforto e mesmo, educando as crianças sobre o comportamento delas com os colegas da outra equipe e com a arbitragem.
Seguindo princípios como esses, uma competição de base pode ser considerada, por excelência, como uma competição pedagógica.

Peço a professores de escolas de ensino fundamental I e II, além de professores de iniciação esportiva (não só de handebol) que pensem sobre esses princípios e busquem utilizá-los no seu dia a dia de competições. Se não for pela própria regra da competição, que seja pela sua ética enquanto educador.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Carreira na Arbitragem,RICARDO CARDOSO - Psicólogo

ARBITRAGEM

“HOJE NÃO VOU FALAR de famílias e das suas dinâmicas, de exercícios de reflexão sobre os aspectos educativos no seio da família. Hoje vou voltar à minha outra paixão, a psicologia desportiva. No entanto quero deixar aqui um apontamento sobre o desporto e a família e a importância das vivências desportivas na construção da personalidade e aquisição de competências sociais.

Praticar um desporto colectivo desde cedo é importante na aprendizagem da partilha, do respeito ao outro e na gestão da frustração. Sempre que possível os pais devem acompanhar os seus filhos nestas actividades. Um desses momentos, pode ser ir ver um jogo de andebol, tentando sempre incutir valores e aprendizagens aos seus progenitores. Sendo este o ponto a que quero chegar, ver um jogo de andebol!

Esta situação pode e deve ser uma prática educativa onde os pais e outros intervenientes devem mostrar competências suficientes para uma boa transmissão de valores. No entanto, isso pode não acontecer, ou marcada pela abordagem que se faz aos árbitros ou até aos jogadores adversários.

Outra das situações é quando a falta de valores morais, competências psicológicas e sociais estão dentro de campo. Nos jogadores que são mal formados e entram em condutas anti-desportivas, ou porque, infelizmente, os árbitros são demasiado jovens e com baixas competências técnicas e emocionais, detendo uma atitude arrogante e demasiado prepotente, ameaçando jogadores e espectadores da bancada com punições disciplinares.

Estes agentes desportivos são os mais expostos em todos os encontros, seja pela boa ou má prestação deles. Logo, a sua descrição e invisibilidade no jogo devem ser factor a ter em conta na avaliação positiva da sua prestação. Um árbitro nunca é bem-vindo, mesmo quando não está 'fardado', facto que devia ser alterado na nossa sociedade. No entanto, a postura deles também deve ser alterada logo desde início, na sua formação.

A importância da psicologia desportiva no ramo de controlo e identificação de emoções, gestão de conflitos e personalidade versus competência comunicativa, deve fazer parte da sua formação de base. Sem isto os árbitros jovens vão errar e muitos deles abandonam cedo demais a modalidade.

"Ser árbitro não é tarefa fácil! À menor desconcentração surge o erro. Nenhum árbitro convive pacificamente com o erro. Por isso se exige a máxima concentração antes e durante os jogos para o bom desempenho da função", diz Fernando Ferrão, árbitro Elite de andebol.

Onde está a psicologia desportiva no campo da gestão da frustração e domínio da capacidade de errar sem prejuízo para o momento seguinte? Muitos árbitros depois de errar voltam a errar para 'compensar', sendo isto depois um ciclo e um mecanismo cognitivo negativo.

Senhores e jovens árbitros, comissões de arbitragem pessoas, pensem que um árbitro é um ser humano e com isso arrasta várias etapas do desenvolvimento, muitas delas caracterizadas pela imaturidade emocional.

Não ensinem nem deixem os árbitros combater essa imaturidade com arrogância e petulância.

O andebol já sofre com isso, todos os fins de semanas há árbitros jovens a não resolverem os conflitos emocionais com os outros agentes desportivos e com os próprios erros. Acreditem que nenhum de nós é imparcial, seja qual for a nossa função, pensem nisso e proponham-se a desenvolverem o vosso trabalho o melhor que saibam, mas com humildade. O andebol é espectacular, não deixem que estas pequenas coisas o façam ficar triste!”

( RICARDO CARDOSO - Psicólogo )

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

un modelo deportivo que propone el desarrollo personal a través del deporte

Escuela Deportiva ITESO

Instituto Tecnológico de Estudios Superiores de Occidente
tomas@iteso.mx Tomás Trujillo Santana
(México)


Dentro de la cultura de la sociedad moderna el concepto de deporte es utilizado como una bandera positivista en diversos campos, así decimos que los jóvenes deberían orientarse al deporte en lugar de los vicios, así gobiernos y comunidades religiosas han apostado por el deporte como una actividad positiva para quien lo practica. Sin embargo, lejos de este obsoleto esquema, el deporte en la actualidad esta matizado de conductas personalistas y de una orientación marcada hacia el logro. En este sentido, ¿cuales esquemas propone la sociedad actual para asegurar que el deporte sea un contexto positivo?. Como una alternativa a este cuestionamiento surge la propuesta de crear la escuela deportiva ITESO cuyo objetivo es favorecer el desarrollo personal a través del deporte. Para cumplir este objetivo se han diseñado programas deportivos en fútbol, básquetbol y voleibol los cuales se combinan con programas basados en metodologías psicológicas. Los programas de trabajo psicológico varían sus objetivos según la categoría del participante ya que van a la par de su desarrollo psicológico. Dada la importancia de rescatar toda la información posible sobre esta aproximación al modelo que se desea crear, los programas tienen metodologías precisas de evaluación entre las que se encuentran observaciones diarias por parte de los entrenadores y baterías psicológicas. La Escuela deportiva ITESO representa la aproximación a un estilo de trabajo que permitirá asegurar que el deporte puede apuntar hacia una dirección más allá del mero desarrollo físico.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 26 - Octubre de 2000
Trabajo presentado en el IIIº Encuentro Deporte y Ciencias Sociales y
1as Jornadas Interdisciplinarias sobre Deporte. UBA - 13 al 15 de Octubre 2000


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Introducción

Durante mucho tiempo el deporte ha despertado un gran interés no solo por parte de sus practicantes y aficionados sino también por parte de diferentes ciencias que a través de los años han logrado encontrar dentro de los contextos deportivos variados objetos de estudio.

Es así, como el deporte es analizado cada vez con mayores elementos científicos, lo que permite tomar en cuenta no sólo aquellos elementos ejecutivos de las actividades deportivas, sino también aquellos elementos que antes se imaginaron intangibles y con poca importancia para el desarrollo de las actividades deportivas.

Actualmente el deporte es una de las actividades más populares del mundo, lo que provoca que desde temprana edad el ser humano sea motivado a su práctica.

Por este motivo en la sociedad actual existe una necesidad por la capacitación deportiva desde los primeros años de vida. Es así, como en el intento por satisfacer esta necesidad han surgido a través de los años numerosas escuelas deportivas infantiles, sin embargo estas ofrecen programas poco elaborados y sin un seguimiento en el desarrollo de los participantes, a lo que se suma aquellas escuelas que responden sólo a intereses económicos siendo esta una de las principales características del deporte en la actualidad, de tal forma que los niños se ven privados de participar en un contexto que puede favorecer su desarrollo más allá del aspecto físico.

Existe pues, una paradoja entre el uso de la actividad física - deportiva como una herramienta de formación del carácter y el uso actual del deporte como una herramienta comercial que permite el desarrollo económico de grandes empresas (Lawther, 1978).

Es así, como el departamento de Educación Física y Salud Integral del ITESO (Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Occidente) consciente de las necesidades sociales del presente y basado en los fundamentos y objetivos de la Universidad, propone la creación de una escuela deportiva infantil que devuelva al deporte la posibilidad de utilizarlo como una herramienta formativa y educativa.

De esta forma a través de un equipo de trabajo compuesto por entrenadores deportivos, administradores y un psicólogo del deporte se ha consolidado esta propuesta.

El modelo de trabajo sé compone de programas deportivos de Fútbol, Voleibol y Básquetbol, combinados con programas basados en teorías y técnicas psicológicas, consolidando así un modelo que persigue facilitar el desarrollo personal de los niños y adolescentes a través del deporte.


Revisión de literatura

A continuación se revisa el concepto de juego, tratando de entender como en su evolución se convirtió en deporte y como este una vez ya constituido, empezó a representar un contexto benéfico para sus practicantes.

Juego y deporte: diferenciación y perspectivas sociales.

Actualmente es superfluo señalar el papel capital del juego en el desarrollo del niño y hasta del adulto. "El hombre no está completo sino cuando juega", escribió Schiller (en Chateau, 1958), y la fórmula ha sido comentada frecuentemente. Arte, ciencia y hasta religión son a menudo juegos serios. Se juega a pintar o a rimar como se juega al ajedrez; y no pocas obras que han encantado a generaciones no fueron para sus autores más espléndidos juegos (Chateau, 1958).

Parent (1990), señala que el juego es necesario como el sueño, es una liberación de la energía excedente, hasta puede ser una práctica que ayude a la auto preservación, el hombre juega y ésta es su ética, logra un equilibrio entre lo real y lo imaginario. Tiende a la conciliación interior, sin conflicto, en donde entran como datos de referencia la aspiración, la convicción y la responsabilidad.

Según Chateau (1958), "La infancia sirve para jugar y para imitar". No se puede imaginar la infancia sin sus risas y sus juegos.

Estudiar en el niño solo el crecimiento, el desarrollo de las funciones, sin tener en cuenta el juego, sería descuidar ese impulso irresistible por el cual el niño modela él mismo su propia estatua. No se debería decir de un niño solamente que "crece", habría que decir que se "desarrolla por el juego".

La infancia tiene por consiguiente como fin el adiestramiento por el juego de las funciones tanto fisiológicas como psíquicas. El juego es así el centro de la infancia, y no se le puede analizar sin señalarle un papel de preejecicio.

Juego y deporte tienen en común la representación de un acto dentro de un campo propio delimitado para una fiesta. En ambos hay alegría. El elemento libertad está claramente manifiesto en el juego, no así en el deporte. El conjunto de los actos deportivos se da durante una temporada; los juegos cuando eran sagrados se veían ilimitados en el tiempo. El juego sin embargo, tiene características culturales que le son peculiares e importantes y que no aparecen en el deporte. En el juego nace la civilización, es el principio de la sociedad porque en él se descubren los valores ajenos: el honor o la valentía y del conjunto: la disciplina y la personalidad, no así en el deporte porque perdió su carácter de juego precisamente.


Deporte: evolución y contexto social

Cagigal (1985; Castejón, 1995), opina sobre el deporte, "Nosotros no entendemos deporte como un concepto que comprenda toda la enseñanza del movimiento, ni siquiera lo referido solamente a la competición organizada. Deporte es aquella competición organizada que va desde el gran espectáculo hasta la competición de nivel modesto; también es cada tipo de actividad física realizada con el deseo de compararse, de superar a otros o a sí mismo, o realizada en general con aspectos de expresión, lúdicos, gratificantes, a pesar del esfuerzo.

Castejón (1995), define al deporte como una actividad física lúdica, donde la persona, de forma individual o en cooperación con otros, puede competir consigo mismo, con el medio o contra otros tratando de superar sus propios límites (tiempo, distancia, habilidad, etc.), respetando las normas establecidas y logrando valerse de algún material para practicarlo.

Etimológicamente la palabra deporte deriva del latín disporte (dis y portare) que quiere decir sustraerse al trabajo. Esta derivación implica que el deporte es diversión, no tarea pesada. En el deporte la actitud es de juego y la satisfacción reside no tanto en los resultados como en la experiencia misma, sin embargo los resultados placenteros aumentan casi siempre el deleite de participar (Lawther,1978).

El deporte y el juego han formado y siguen formando parte de una cultura universal que los convierten en instrumentos básicos y esenciales de la vida social (Snyder y Spreitzer, 1975; en Ramírez y Rodríguez, 1996).

Resulta difícil encontrar una cultura o una civilización por más milenaria que ésta sea que no haya tenido dentro de su forma de vida la práctica de alguna actividad deportiva que reflejara una parte muy importante de la esencia de sus pueblos.

En la Grecia clásica las actividades deportivas además de ser un entrenamiento militar y una especie de ofrenda de tinte religioso, se transformaron en una competencia donde el culto a la belleza y el perfeccionamiento del cuerpo fueron sustituyendo su significado inicial. El fenómeno espectáculo empezó a adquirir una relevancia significativa, de tal manera que se crearon varias competencias organizadas bajo un reglamento y una periodicidad previamente establecida. Las competencias más importantes eran 4: Juegos Olímpicos (cada 4 años), Juegos Píticos en la ciudad de Delfos (cada 4 años), Juegos Itsmicos y Juegos Nemeos (cada 2 años) (Bowra, 1965; en Ramírez y Rodríguez, 1996).

Fue principalmente en el año de 1888 cuando el deporte nace en su forma moderna y se convierte en un espectáculo masivo, cuando el Barón de Coubertín, reúne a los representantes de 14 naciones en un "Congreso para el establecimiento de los Juegos Olímpicos", que desde entonces se siguen celebrando cada 4 años en diferentes ciudades del mundo (Parent, 1990).


La influencia del deporte en el desarrollo personal

La posibilidad educativa de los deportes ha sido una de las razones más comunes que se han propuesto en el intento de justificarlos. Las escuelas y universidades de muchas sectas y órdenes religiosas han mantenido la actividad deportiva con vistas a la formación del carácter, al desarrollo de la autodisciplina y a la tolerancia del dolor, de la incomodidad y del peligro. Los puritanos eran, en la práctica, unos ascetas aún en el campo de juego.

Los objetivos propuestos que con más frecuencia se invocan como razones para la inclusión de los deportes en la enseñanza pública y privada son la formación del carácter, el mantenimiento de la salud y de la aptitud, en especial aptitud para el servicio militar y quizás el crecimiento y desarrollo temprano de los jóvenes.

Los filósofos de la educación y los gobernantes abogaron, a lo largo de los siglos, para que se incluyeran los juegos y deportes en la educación de los niños. Sócrates, Aristóteles, Quintiliano, Comenius, John Locke y también John Dewey pensaban que los juegos físicos eran esenciales para la educación.

Otras metas para cuya consecución se considera el deporte como el instrumento adecuado son la integración y la solidaridad grupal, la comunicación intergrupal e intragrupal, el contacto social y el conocimiento entre ambos sexos, la expresión de formas estéticas con gracia y belleza, un medio de perseverar la concordia en una sociedad en la que el hombre cuenta con cantidades crecientes de pasatiempos, un escape inofensivo para la agresión, un sustituto para los vicios e impulsos oprobiosos de la gente común, desde el punto de vista social, y como fuente de prestigio nacional e internacional. La sociedad espera que los deportes produzcan resultados visibles y tangibles que sirvan como testimonios de que ha conquistado vigor y mejoramiento físico. La sociedad, necesita tener campeones que de manera espectacular encarnen la superioridad física.

Coincidiendo con Lee (1990; en Gutiérrez, 1995), y basados en el convencimiento general de que cualquier actividad que se realice durante los años de formación de un individuo producirá un impacto educacional, como ya señala Escámez (1986; en Gutiérrez, 1995), el deporte es una de las influencias a considerar en la educación de la juventud y , para muchos, la más importante aparte del colegio. Por ello, resulta de capital importancia que todos los responsables de la organización y desarrollo de los programas deportivos comprendan los efectos que las experiencias deportivas pueden ocasionar (Gutiérrez, 1995).

Este marco de referencia permite ubicar de donde se fundamenta la propuesta de la Escuela Deportiva ITESO, conscientes del papel capital del juego en la infancia y de los efectos de la participación en actividades deportivas; se propone sobre estas bases conjugar elementos que permitan tener un mayor control en los resultados que de la participación deportiva se esperan.


Escuela Deportiva ITESO

Objetivo

El objetivo de las Escuela Deportiva ITESO es utilizar el deporte como una herramienta de tipo formativo, donde el niño y el adolescente encuentren un espacio a la diversión, al desarrollo físico, al desarrollo técnico - táctico deportivo, al autoconocimiento, a la confrontación con su medio y al convivió social; que les permita lograr un desarrollo personal óptimo y así favorecer el equilibrio social.

Metodología

La Escuela Deportiva ITESO ofrece 3 deportes, Fútbol Soccer, Básquetbol y Voleibol. Existen 4 categorías que van desde los 6 años a los 14 años.

Cada categoría tiene un programa de entrenamiento deportivo específico diseñado por un entrenador experto en cada deporte, el cual se combina con un programa de actividades con orientación psicológica que persiguen diferentes objetivos según la edad del niño. Estos programas se combinan a partir de la categoría de 9 -10 años, a continuación se describen los objetivos de las actividades con orientación psicológica en cada categoría.

CATEGORÍA
PROGRAMA
OBJETIVO

9 - 10 Años
Valores
Representar un espacio propicio para que el participante experimente, confronte y tome conciencia de su propio desarrollo valoral.

11-12 Años
Desarrollo de Variables de Personalidad
Hacer conscientes las habilidades de asertividad, autoestima, tolerancia, motivación de logro y socialización para facilitar el desarrollo personal a través del deporte.

13-14 Años
Autoconocimiento
Proporcionar al participante un espacio donde la reflexión, el auto análisis, la puesta en común, la experiencia deportiva y la convivencia con el grupo, faciliten el proceso de autoconocimiento.




Los niños asisten a la escuela deportiva 3 veces por semana y en ocasiones una 4 sesión cuando tienen encuentros deportivos. Dos de los 3 entrenamientos están destinados al desarrollar las habilidades y capacidades perseguidas por los programas deportivos y se dedica una sesión de la semana al trabajo de las actividades con orientación psicológica que generalmente se trabaja en un salón de clases. Una labor indispensable de los entrenadores es la de crear una dinámica grupal que permita asimilar las experiencias de forma integral es decir, que el participante identifiqué tanto el trabajo de cancha como el de los salones de clase como una misma experiencia.

Para garantizar que las actividades que se realizan impacten directamente en el desarrollo personal que se persigue se tienen diseños de evaluaciones muy precisos que van desde evaluaciones psicométricas (al inicio y al final de los programas), observaciones constantes, aplicación de instrumentos de evaluación a niños y padres de familia, hasta gráficas del desempeño esperado por parte de los entrenadores.


Conclusiones

La propuesta de la Escuela Deportiva ITESO es relativamente joven, sin embargo gracias a las metodologías precisas para recabar información del desarrollo de las mismas hemos ido perfeccionando la propuesta.

El equipo de trabajo de la Escuela Deportiva ITESO esta convencido de que esta propuesta cada vez se aproxima más a un modelo de trabajo que pudiera facilitar el que la experiencia deportiva de niños y jóvenes realmente se constituya como un contexto positivo para el desarrollo personal.

Sabemos que a lo largo del mundo existen trabajos sobresalientes en el terreno deportivo infantil, donde el simple ejercicio físico, táctico y técnico despiertan en los participantes elementos que influyen de forma positiva en su desarrollo, sin embargo con esta propuesta queremos de alguna forma incrementar la posibilidad de que estos efectos se controlen y no que queden al azar.

Como señalamos anteriormente, la Escuela Deportiva ITESO es una aproximación a un modelo de trabajo que pretende desarrollar el interés de dirigentes, entrenadores, psicólogos y personal involucrado en el deporte infantil por intentar configurar de distinta manera los contextos deportivos infantiles.


Bibliografía

Castejón, J.F. (1995). Fundamentos de iniciación deportiva y actividades físicas organizadas. Madrid: Dykinson.

Chateau, J. (1958). Psicología de los juegos infantiles. Buenos Aires : Ed. Kapelusz S.A.

Gutiérrez, M. (1995). Valores Sociales y Deporte. La actividad física y el Deporte como transmisores de valores sociales y personales. España: Ed. Gymnos.

Huerta, H., Dellamary G. (1986). Tiempo y espacio. El fútbol como fenómeno psicosocial del siglo XX. México, D.F.: Imprejal.

Lawther, J. (1972). Psicología del Deporte y del Deportista. España: Ed. Paidos Ibérica

Parent, J. (1990). Para una ética del deporte. Zamora, Michoacán: El colegio de Michoacán.

Ramírez, C.P., Rodríguez, M.M. (1996). Principales fuentes de estrés y sus repercusiones en el rendimiento de jugadores de fútbol de la primera división nacional. Tesis inédita de licenciatura en Psicología. Guadalajara, Jal.: ITESO.

Hacen falta competiciones más formativas en el deporte base

Centro de estudios, desarrollo e investigación
del fútbol español - CEDIF Horst Wein
(Alemania)


En el año olímpico 1992 Neil Postman, catedrático de sociología de la Universidad de New York, afirmó en su celebre libro "La desaparición de la infancia" (artículo en el periódico La Vanguardia en diciembre de 1993) que la sociedad moderna no diferencia los gustos del niño de los de los adultos: "Comen la misma comida, ven diariamente los mismos programas de televisión, cometen los mismos crímenes, toman alcohol y la droga, etc., etc.

También el mundo laboral se está alternando. Niñas de doce o trece años están entre Los modelos mejor pagados y hay niños actores y cantantes que a los 8 años son multimillonarios. Es imposible que estas personas se comportan como un niño debe comportarse…

Vivimos en una época en la cual lo sociedad moderna no distingue claramente entre el mundo del niño y el del adulto, y esto, según Postman, es muy peligroso. Dice "el niño debe descubrir los misterios de la vida adulta muy lentamente y de un modo psicológicamente aceptable. Si descubre demasiado pronto que sus padres no son perfectos, que sus profesores no lo saben todo y que en el mundo hay seres humanos que matan o roban frecuentemente, el niño crece para convertirse en un adulto débil".

Hoy el entorno, que es el espacio natural donde se mueve el niño, está sufriendo por las crecientes urbanizaciones y la "hormigonización" del paisaje urbano, con todas sus limitaciones, obliga al niño aprender a moverse "en contra de la naturaleza" (por ejemplo cruzar la calle por el paso de los peatones o andar en la acera cogida por la mano de un adulto). A medida que se va perdiendo el espacio natural, los niños han de inventar o nosotros como profesores, adultos o padres debemos ofrecerlos otras formas de movimiento. Por ello la importancia del deporte escolar y asociativo.

Algo parecido ocurre también en el mundo del fútbol. En vez de practicar en un jardín o en la calle o cualquier otro espacio natural, el creciente trafico y urbanismo no permite a la gran mayoría de los jóvenes disfrutar de la infancia que vivían sus abuelos. Desde la edad benjamín están hoy en día (afortunadamente sólo en pocas Federaciones Territoriales) todavía expuestas a unos rígidos métodos de entrenamiento y a ligas con competiciones que no respetan las leyes de la naturaleza ni las capacidades mentales y físicas de sus jóvenes practicantes.

Las competiciones en vez de adaptarse con sus reglas perfectamente al benjamín, alevín, infantil y cadete, le obligan a adaptarse a ellas. La prisa de acercar los jóvenes promesas al juego de los adultos han resultado con frecuencia en la adquisición de numerosos hábitos incorrectos que limitan hoy y limitarán ambién en futuro el rendimiento de muchos jugadores adultos.

Poco se gana, pero mucho se pierde, cuando se organizan ligas de benjamines en el fútbol 7 o cuando se obliga a los infantiles de enfrentarse durante el inicio de su pubertad ( cuando atraviesan una profunda crisis mental y física) a la dificultad y complejidad de la competición adulta en un campo demasiado grande y un balón, para ellos, demasiado pesante.

Ni los benjamines, ni los infantiles están todavía listos o preparados a enfrentarse con ciertas garantías de éxito a 7 contra 7 o 11 contra 11, ni del punto de vista de la fisiología o biomecánica ni del punto de vista cognoscitivo.

Tenemos que saber que una competición determina en alto grado los objetivos, los contenidos y los métodos del proceso de entrenamiento-aprendizaje. Eso vale también para los niños. Cuando una competición no respeta el momentáneo nivel de habilidades y capacidades del niño (como ocurre por ejemplo con el 7 contra 7 para los benjamines o el 11 contra 11 para los infantiles). ¿cómo se puede esperar que los formadores realicen sus entrenamientos "a la medida del benjamín o infantil", teniendo en cuanta sus característicos intereses , expectativas ,habilidades y capacidades?

La experiencia ha enseñado que los formadores sólo estarán bien considerados por los padres y oficiales del club cuando cosechan éxitos con sus alumnos. Pero para poder lograrlos deben orientarse constantemente a la competición de los niños y preparar sus entrenamientos con contenidos lo más similares a la competición, porque eso facilita al alumno la transferencia del entrenamiento a la competición y viceversa.

Aparte de eso, si un sistema de competiciones exija del benjamín y alevín cada sábado la práctica exclusiva del fútbol, los entrenadores-formadores, en búsqueda del éxito rápido, eligen para sus entrenamientos sobre todo contenidos futbolísticos, descuidando la parcela de la motricidad y de la imprescindible coordinación.

Más temprano se organiza para los niños competiciones que exigen sólo habilidades y capacidades futbolísticas, más temprano los formadores tienden a ofrecer en su proceso de enseñanza-aprendizaje exclusivamente contenidos específicos, es decir del juego de fútbol.

Pero quién sólo sabe de fútbol, dice Cesar Menotti, ni del fútbol sabe…

Así los técnicos de los jóvenes potencian una prematura especialización del niño, sin asegurar que los niños reciban en los primeros años de su práctica futbolística una amplia formación polifacética con una gran diversidad de estímulos y experiencias motoras, lo que los científicos del deporte consideran imprescindible para lograr éxitos en la edad adulta.

En vez de ponerse ala par de la naturaleza y despertar y desarrollar de forma natural la innata capacidad creativa y de imaginación mediante competiciones formativas a su medida (por ejemplo un "Pentatlón para el Mini Fútbol" -unos 3 juegos de fútbol combinados con 2 juegos polivalentes para los benjamines, Fútbol 7 para los alevines y Fútbol 8 entre las dos áreas de penalti en el campo reglamentario para los infantiles) se obliga a los niños de estas edades a obedecer en sus actuales competiciones a las rígidas reglas de comportamiento del mundo de los adultos. ¡Sólo su aceptación y aplicación por parte del niño hace posible un desarrollo ordenado de esta competición ! El excesivo número de jugadores en el campo del fútbol 7 o 11 crea frecuentemente situaciones confusas o no solubles (existe una defensa presión natural porque todos los niños quieren jugar el balón a la vez) a las cuales la mayoría de los jugadores suelen responder con un gran porcentaje de errores y además con un juego destructivo.

Modificando en algo la palabras de Postman podemos afirmar "al permitirles el acceso a la fruta prohibida de la información (competición) adulta, se expulsa los niños del fútbol del jardín de la infancia".

Parece que hoy en día muchos responsables del fútbol base piensan todavía como la gente en la Edad Media. ¿Por qué ? En la Edad Media la sociedad sólo conocía bebés y adultos. A los seis o siete años se consideraba una persona de esta edad como un adulto porque participaba en todos las actividades adultas: trabajaba con los adultos, comía, se vestía y se comportaba como uno de ellos.

¿Por cuánto tiempo todavía se permite que las pocas experiencias de unos pocos continúan obstaculizando la óptima formación de las próximas generaciones de futbolistas?

"Uno de los varios problemas a solucionar en nuestro fútbol base es que la gran mayoría de los formadores conocen bien su programa o modelo de formación para los niños, pero no conocen bien a ellos"

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 7 - N° 34 - Abril de 2001

Formação do jovem praticante, Jose M. constantino

Formação do jovem praticante

Quem ensina o desporto às crianças e aos jovens? A pergunta pode parecer descabida. Mas nada se perde em ensaiarmos as respostas. O ensino do desporto, através das diferentes modalidades desportivas é realizado pelas escolas e pelos clubes. E por outras entidades públicas e privadas. O ensino da natação ou do futebol, por exemplo, pode ser encontrado em programas escolares e em serviços de clubes, municípios e entidades empresariais privadas. Mas se quisermos procurar o ensino da esgrima dificilmente o encontraremos fora da estrutura associativa. Ou o hipismo na estrutura associativa e privada. Com excepção, em ambas, do ensino publico militar. Os exemplos podem multiplicar-se e revelarão um elevado grau de diferenciação no modo como as modalidades desportivas encaram o problema da respectiva aprendizagem técnica.
Num quadro tão díspare quem assegura a qualidade dessa formação? A resposta tem sido encontrada através da certificação dos agentes de ensino (professores, treinadores, etc.) Supostamente, essa certificação, garante a respectiva qualidade. É o caso da licenciatura em educação física e desporto e dos diferentes graus de qualificação de treinadores desportivos.
Qual o balanço que é feito desta qualificação? Garantem as diferentes formações em educação física e desporto (existem cerca de meia-centena) as necessárias competências para o efeito? As alterações produzidas no âmbito da formação de treinadores serão suficientes para garantir a respectiva qualidade formativa?
Estes temas não parecem estar na primeira linha das preocupações de quem gere as modalidades desportivas. Mesmo sabendo-se que, em parte, a qualidade dos agentes de ensino determinará em muito a qualidade dos praticantes. Durante décadas esta foi uma frente de batalha de técnicos desportivos oriundos da formação superior em desporto e com forte ligação às modalidades. Mas uma batalha que para ser vencida carecia de um adequado envolvimento dos dirigentes. Que deveriam olhar para a formação dos técnicos como um elemento critico para qualificação das respectivas modalidades e não apenas como um negócio em que se transformaram muitos dos cursos “formação “.
Nesta matéria não se pode invocar apenas as responsabilidades do Estado. Elas existem, é certo. Patentes no laxismo irresponsável que permitiu o aparecimento de formações superiores em educação física e desporto sem a garantia de adequada qualificação científica (e muito para além da empregabilidade necessária…). No atraso de um novo regime de formação de treinadores que os actuais responsáveis políticos de algum modo resolveram. Mas também é justo que se reconheça que se há sector da administração pública desportiva que tem um histórico de elevada credibilidade e competência é o da formação. Sobreviveu sempre às alterações governativas e de liderança interna e manteve, ao longo dos anos, um acervo de competência que é da mais elementar justiça reconhecer e louvar.
Só que o desenvolvimento das práticas do desporto e a entrada no sistema de novos actores (públicos e privados) alterou significativamente o modelo existente e colocou questões novas que carecem de ser objecto de abordagem. E que incluem não apenas a formação dos agentes de ensino/treino. Mas o próprio modelo técnico da formação do jovem praticante, todo ele construído num mundo que é hoje diferente. Um modelo que se não pode limitar às aquisições motoras de tipo técnico ou táctico mas que se tem de centrar no lugar que o desporto deve assumir na vida de um jovem e no tempo que ele está disponível para lhe dedicar. O abandono desportivo precoce, matéria pouco estudada entre nós, tem no modo como é feita a formação do praticante um dos seus elementos explicativos. Não o único. Mas um elemento a pesar.
Qualquer que seja o modelo dessa formação desportiva as práticas recreativas são o terreno essencial quer à progressão técnica, quer à fixação dos jovens nas modalidades. E um pressuposto à orientação e especialização desportivas. Uma matéria, de resto, abundamente documentada por quem neste país tem estudado e publicado sobre a formação dos jovens praticantes. E uma responsabilidade,não nos cansamos de repetir ,de quem dirige as modalidades: as respectivas federações.




publicado no blog: colectividades desportivas

Saudação

Caros amigos e desportistas
Vamos iniciar uam nova época desportiva e com ela mais desenvolvimentos, comentarios, artigos de opinião sobre a abordagem do Andebol de Base, conto convosco e basta enviarem-me artigos identificados para serem publicitados neste blog de todos.
abraço
antonio cunha

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Abandono Precoce e Iniciação Esportiva Antonio Cunha

– propostas para mudar esse cenário
26 maio 2010 por António Cunha

Este trabalho teve a colaboração do Prof. Carlos Resende Docente e Ex-Treinador Campeão Nacional pelo F.C. do Porto e Atleta Internacional de elevado nível desportivo e do Prof. Lucas Leonardo, coordenador do site “Pedagogia do Handebol”

Para que seja possível aprender é necessário que haja processo. Para haver processo, torna-se necessário haver adesão.

A preocupação com o abandono precoce na iniciação esportiva é algo que nos últimos anos vem sendo muito estudado por pesquisadores que se preocupam com uma nova abordagem de ensino do esporte.

Dentre pesquisadores desse assunto, o professor Professor Roberto Paes da UNICAMP é um dos principais autores que, além de discutir as questões do abandono precoce relaciona tal problema educacional e o processo de especialização precoce.

Especialização precoce e abandono precoce, ambos são peças de uma mesma engrenagem, que criam um infeliz circulo vicioso de entrada, abandono e muita vezes, desgosto pelo esporte.

Especializar precocemente tem total vínculo com uma visão de ensino que se baseia na ânsia pelo alto-rendimento esportivo e os vilões da história podem ser muitos: professores, pais, dirigentes de clubes e outros.

Porém, o professor, como principal responsável pela práxis educacional, é peça fundamental desse ciclo que se forma e também, o primeiro responsável pela sua transformação.

O professor Antônio Cunha, da Faculdade do Porto, também é um dos principais nomes que estudam essas questões com especificidade no handebol.

Na Conferencia entre a FPA (Federação Portuguesa de Andebol) e as Universidades portuguesas sobre a problemática do handebol nas escolas portuguesas, o professor apresentou um trabalho aplicado, voltado para a discussão dos problemas do abandono precoce e buscando solucionar tal questão.

Foi um trabalho intensivo nas aulas de estudo práticos na Faculdade do Porto e testado com sucesso há 4 anos.

Em pesquisa realizada com os jovens atletas inscritos na AAP (Associação de Andebol do Porto, a maior de Portugal) que abandonaram a modalidade no início da sua carreira desportiva, as principais causa destacadas foram:
1.Não entendimento por parte dos novos praticantes com os objetivos do treinador/atleta nos indicadores básicos a aprender.
2.Insatisfação no lugar obrigado a jogar quando as expectativas eram outras.
3.Modelo de competição condicionada nos seus aspectos regulamentos técnico/pedagógicos, pouca liberdade da aplicação do Jogo Livre como forma principal da motivação por parte dos novos praticantes.
Face a esta realidade foi realizado um trabalho de pesquisa aplicado nas aulas práticas a proposta da “rotatividade dos postos defensivos” em que o aluno estava atuando. E, por haver mudança rotativa dos postos defensivos, havia, por consequência, no ataque uma correspondência a novos lugares, tornando o jogo mais atrativo e motivador, promovendo experiências diversificadas durante o jogo, o que para as fases iniciais de aprendizagem é imprescindível, principalmente por essa ser uma fase de descoberta (figura 1, clique nela para ampliá-la).

Figura 1. Rotatividade defensiva e consequente rotatividade ofensiva: multiplicação de experiências esportivas no handebol (clique na imagem para ampliá-la)

Desde sua aplicação iniciada nas aulas de Estudos praticos II e IV (Bolonha) Handebol, os resultados tem sido excelentes por parte da receptividade dos alunos e alunas( a maioria não tem experiencia de andebol a nível federado nem escolar), e como tal, pode-se apontar soluções para que uns dos graves problemas da aprendizagem do handebol pelos jovens seja resolvido. A rotação dá se não ao gol, mas sim em jogos de tempo ou score limitado 3 ou 5 gols e roda-se nessa altura, assim se ganha rotinas dos lugares específicos.

No entanto, ainda assim, a Federação Portuguesa ainda não adoptou o “modelo” nas categorias de base, face a perda sistemática em todas as épocas de centenas de jovens. A razão principal de não se ter verificado as mudanças regulamentares foi porque nós consideramos importante 3 a 5 anos de reflexão e experimentação nas aulas e ouvir os praticantes para passarmos para a alteração regulamentar.

Esse problema, voltado à adaptação de regras para a iniciação esportiva também é um fator de dificuldade nas ligas e federações brasileiras.

Existem boas iniciativas, porém, quase sempre o tradicionalismo voltado à ansiedade por resultados esportivos e pela definição de funções no jogo realizados de maneira precoce, vencem as novas ideias baseadas em fatores estudados cientificamente por pesquisadores que adotam novas abordagens de ensino do esporte.

Esperamos que essas questões sejam mais bem discutidas e refletidas por todos nós, professores e educadores do esporte coletivo.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Plano de Aula para Ensino do Handebol – Jogar com, como e contra o Pivôt

5 maio 2010 por Lucas Leonardo

Venho, a partir de hoje, descrever alguns planos de aula. Planos de aula, como o nome diz são apenas “planos” ou seja, uma estratégia montada de forma a preocupar-se com a sistematização de ensino que, assim como uma proposta currícular, deve ser maleável de acordo com o andamento da aula/treino, podendo sofrer, ou não, variações e alterações.

A proposta que descrevo aqui terá como base alguns princípios importantes no que tange aos aspectos metodológicos (ênfase no jogo como forma de ensinar) e didáticos (orientando para a descoberta guiada, contruída em conjunto com o professor, orientada para um determinado conteúdo).

Plano de Aula

Tema – Jogar com, como e contra o pivô

Conversa Inicial – Falar da aula passada, e orientar de maneira breve que os alunos se organizem livremente em trios.

Atividade 1 – 2×1 com área delimitada

Objetivos: aprendizagem incidental (aprender sem saber que se está aprendendo) de como defender um pivô e um atacante, de como e quado passar a bola para o pivô e de como ocupar os espaços da quadra jogando com limitação de sua área de atuação – situação típica dos pivôs.

Utilizando-se das riscas da quadra, tais como o círculo central, as cabeças dos garrafões e outras marcações quaisquer, um jogador, com posse de bola (chamarei de atacante) deve passar a bola para outro (chamarei de “pivô”), que se encontra “preso” dentro dessa determinada área demarcada. Um jogador defensor deve impedir que o passe chegue a esse jogador. Não há para o atacante e o defensor limite de zona de atuação, há apenas para o “pivô”.

Em momento algum será falado que se trata de um jogo de pivô, permitindo que todos os jogadores envolvidos nesse 2×1 vão experimentando as melhores formas de atuar.

Será típico, visando o cumprimento da lógica do jogo, que o defensor arrisque-se a tomar a bola do jogador que está com ela, deixando o “pivô” livre, sofrendo vários pontos, pois o mais importante para quem defende e tentar ter o mais rápido possível a posse da bola (ver texto). Porém, essa ação facilita que o passe ao “pivô”, nessa atividade, seja realizado.

Cabe, nesse momento, ao professor, instigar os defensores se a melhor forma de recuperar a bola é tentando recuperá-la do atacante que tem sua posse ou se é buscando aproximar os atacantes, de forma a conseguir marcar os dois ao mesmo tempo e interceptar o passe que um tenta realizar para o outro, ou mesmo, roubar a bola do atacante com uma atitude rápida, surpreendendo o atacante.

Colocada essa dúvida, a reflexão deve ser direcionada para a intenção de marcar o “pivô”, ficando à sua frente e, quando o atacante que tem a bola se aproximar dele, tentar recuperar a bola através da interceptação do passe ou de uma atitude que surpreenda o atacante, recuperando a posse de bola do próprio atacante.

Criar para essa atividade, uma proposta de rodízio, de acordo com os resultados obtidos pelo confronto:

* Se o atacante passar a bola para o “pivô” trocam de função o atacante e o “pivô”
* Se o marcador interceptar o passe, trocam de função o atacante e o defensor.
* Se o atacante parar de driblar a bola (quicá-la no chão) e ficar por mais de 3 segundos com a bola na mão, a defesa vence, havendo a troca entre o defensor e o atacante.

Atividade 2 – Questioná-los sobre a atividade anterior

Objetivos – possibilitar a representação da atitivade anterior, contextualizando o aprendizado com as informações que os alunos já possuem de um jogo formal de handebol.

Vivida a atividade anterior, trazer em discussão quando aquele tipo de relação ocorre num jogo de handebol. Chegada à conclusão de que se trata da relação entre pivôs, atacantes e defensores, demonstrar (das mais variadas formas – com pranchetas, utilizando os próprios alunos e se for necessário, até mesmo interagindo com eles através de exemplos que envolvam a participação do professor), que passar a bola para o pivô envolve a necessidade deste estar livre (com condições de receber a bola num espaço vazio, sem marcadores), orientando os alunos a entenderem, ainda no nível da representãção, que dependendo da atitude do defensor (ele solta o pivô e vem marcar o atacante ou continua marcando o pivô?) a bola pode ser passada ao pivô ou mantida sob o domínio do atacante (e no caso do jogo, até mesmo finalizada a gol).

Atividade 3 – 2×1 com área delimitada

Repetir a atividade, para que a representação mental seja colocada em prática, já com a devida contextualização desse conceito, transformando a a tividade num jogo com relações de oposição transferível ao jogo formal.

Atividade 4 – 2x(1+goleiro) com área delimitada

Vivenciar a mesma situação, agora com a delimitação de uma região de atuação utilizando a área dos 6 metros, e tendo como objetivo fazer gols, seja pelo atacante, seja pelo pivô.

O atacante terá que trazer para esse jogo os conceitos aprendidos – se o pivô estiver marcado, manter a bola consigo, mas agora, visando a progressão ao gol adversário; se o marcador tentar sair para marcá-lo, visando recuperar a posse da bola, buscar o pivô que estará desmarcado, para que ele receba a bola e finalize a gol. Pode-se manter a mesma relação de rodízio ou então, haver rodízio através do aviso do professor.

Conversa Final – Abrir para que dúvidas sejam colocadas ao professor e outros alunos. Refletir sobre a dificuldade de atividade e reforçar os conceitos básicos de quando passar a bola ao pivô e quando buscar progredir ao gol. Bem como quais as ações que o defensor deve ter para que, mesmo em inferioridade numérica, consiga facilitar sua atuação.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Magia do Handebol,Jorge Knijnik

A Magia do Handebol
Recebi a agradável notícia da publicação do livro de handebol do amigo Jorge Dorfman Knijnik, que foi técnico da ABA Hebraica durante 11 anos e hoje é professor e pesquisador da "University of Western Sydney - Australia".
Não poderia deixar de compartilhar com os leitores desse blog um trecho do livro que o Jorge me enviou, que apresenta o handebol de uma maneira muito interessante. Um texto que apaixona até mesmo os já apaixonados e viciados em handebol como eu. O título do texto é "A magia da modalidade: Bolas de fogo flutuantes" e está dividido em 3 cenas extremamente vivas.
Leia e Divirta-se!!

Cena 1 – No coração da Itália
Era uma noite quente, muito quente, no sul da Itália, na cidade de Teramo, perto de Pescara, no mar Adriático. Disputava-se a Coppa Interamnia, tradicional torneio que reúne aproximadamente sete mil jovens de todas as partes do mundo, entre dez e 21 anos, para jogar handebol. Joga-se por toda parte, em quadras de asfalto, grama, areia, e até em estacionamentos. Joga-se debaixo do sol, em alguns casos com um pouquinho de chuva – e é bola na rede o tempo todo. Em julho, em Teramo, o handebol não para! Adrenalina.
E há uma quadra central, ao ar livre, com tapete emborrachado, verde, lindo, posicionada atrás de uma igreja do século XIII – nela ocorrem os principais jogos, as finais dos torneios, e as disputas entre seleções nacionais de atletas de até 21 anos. As arquibancadas de madeira, que ladeiam esta quadra, ficam lotadas o tempo todo. Espetáculo.
Era o que acontecia naquela noite. A brisa morna do verão italiano abraçava a quadra, atletas e espectadores. Duas seleções nacionais, as equipes femininas de Taiwan e da antiga Tchecoslováquia, se enfrentavam. De um lado, garotas fortes, “parrudas”, altas, dirigidas também por um técnico alto e rechonchudo, muito barulhento. No campo oposto, um time de chinesas pequeninas, magricelas, por quem ninguém daria nada. Seu técnico, de tão pequeno e discreto, parecia invisível. Mas, como movidas pelo vento, as jogadoras de Taiwan disparavam como raios por toda a quadra, em lances rápidos e objetivos, conquistando gols atrás de gols por trás da defesa gigantesca das europeias. Velocidade.
A goleira de Taiwan, então, parecia acionada por um controle remoto: ficava imóvel, no meio das traves, com as pernas dobradas. Bastava, entretanto, uma pequena bola ir na direção dela, que sua reação era surpreendente, ela se agitava toda, fazia a defesa, e rapidamente já jogava a bola pra frente, pois sabia que uma pequena companheira sua, com a velocidade de uma onça caçando nas savanas africanas, apareceria de algum lugar para pegar a bola e ir para o gol. A bola, então, mal se via: aquela esfera branca, tão desejada por todas naquela quadra, zunia em alta velocidade por todos os lados, não dando sossego nem para as goleiras nem para o público, que mal conseguia acompanhar todos os seus movimentos. Precisão.
Mas, surpresos estávamos nós, que assistíamos a partida. Tendo apostado nossas fichas nas tchecoslovacas, por sua tradição no handebol e pela força física da equipe, víamos nossos prognósticos ruírem. Faltando pouco mais de cinco minutos para o final do jogo, a equipe de Taiwan vencia por seis gols de diferença – as orientais riam, se cumprimentavam, dando já por certa aquela vitória. Concentração.
Repentinamente, porém, algo se mexeu. Uma jogadora europeia erra um lance muito fácil, um arremesso na frente da goleira. Nervosa, ela se agita, pula, e começa a gritar com as companheiras da equipe. Todas começam a falar alto, agitadas. O técnico, que já falava aos berros, agora estava translúcido, soltando a voz. União.
Outra partida parecia começar ali. Uma fúria tomava conta das tchecoslovacas, que em menos de cinco minutos correram como nunca, tirando energia não se sabe de onde, e empataram a partida – houvesse mais trinta segundos, teriam ganhado o jogo ali mesmo. As jogadoras de Taiwan, atônitas, mal acreditavam no que viam, assim como o público, que delirava nas arquibancadas. Volta por cima.
O jogo empatou, e foi para o tempo extra, a prorrogação, que no handebol é curta, dois tempos de cinco minutos. Embevecidas e encorajadas por sua recuperação, as europeias ganharam das orientais, que ainda assim também correram como nunca. A batalha foi duríssima. Ao final do jogo, ambas as equipes foram aplaudidas de pé durante dez minutos pelo público, em êxtase. Entusiasmo.

Cena 2 – No Parque São Jorge
Era uma noite fria, gélida e úmida, como costuma acontecer na cidade de São Paulo no mês de agosto. Desta vez o palco era uma quadra de handebol dentro da sede social do S.C. Corinthians, um dos clubes de futebol com maior torcida no Brasil, com grandes equipes masculinas de handebol na década de 1980. História.
Na plateia, apenas algumas namoradas dos jogadores, talvez esposas, alguns amigos, e jogadores juvenis, como eu, que haviam jogado a partida preliminar e agora assistiam seus ídolos na quadra. No time da casa, Montanha, Vanderlei, Xu, com Willian no gol. Do outro lado, na equipe do E.C. Pinheiros, outras lendas do handebol: Xexa, Viché, Foguete e Luisinho. A partida prometia. Expectativa.
O ginásio, que já é grande, parecia maior, imenso com as arquibancadas quase vazias, com cadeiras que sobem até o alto das paredes. O placar eletrônico, posicionado longe, quase no teto, não facilita a vida dos míopes. O vento gelado que cortava o ar, entrava nos ossos de quem assistia a partida. Mas outra coisa também cortava os ares, e esquentava aquela noite: os jogadores, após inúmeras passadas e emaranhados de trocas de posições e passos velozes em curtos espaços, atiravam verdadeiras bolas de fogo contra os goleiros, ou em passes entre si, que aqueciam os olhos e os corações da pequena plateia. Fervura
O jogo se alternava, num ritmo frenético. Ora o Pinheiros avançava no placar, comandado por seus jogadores inteligentes e velozes. Dali a pouco, no entanto, e animados pelas defesas de seu goleiro, craque da seleção brasileira, os corintianos iam ao ataque com vigor, virando o jogo. Incerteza.
Aos poucos, o que parecia força bruta, apresenta sua verdadeira face: pequenos lances inteligentes ludibriavam as defesas; movimentos curtos e precisos deixavam os goleiros sem saber para onde se dirigir debaixo das traves; os técnicos, verdadeiros estrategistas das quadras, mudavam as posições, determinavam novos ritmos, travavam o seu duelo mental, em conjunto com os jogadores. Naquela noite, a única certeza era que todos haviam esquecido o clima gélido da noite paulistana, e o sangue fervia no corpo da plateia e dos jogadores. Empolgação.
Os choques entre os jogadores eram muitos. Pequenos estranhamentos, porém, não estragavam o clima daquele jogo. Ao contrário, uma grande mão estendida ajudava aquele que havia caído, e a batalha recomeçava, no campo mental e físico. A indefinição do placar era completa. Lealdade.
Os jogadores apresentavam suas armas. Foguete, pelo Pinheiros, com seus voos certeiros, rodopiava e corria como se não tivesse pés. Luisinho, do mesmo time, como um mágico, fazia a bola sumir em suas mãos, e aparecer trinta metros adiante, no peito de um companheiro já posicionado nas traves corintianas. No Corinthians, Xu, um lépido canhoto, fazia arremessos inimagináveis, com seu braço esquerdo ágil, e colocava a bola pegando fogo nas redes. Montanha, de olhos ágeis, achava espaços onde qualquer um só veria braços, e também lançava seus torpedos em direção ao gol adversário. Frieza e habilidade.
Quase no final do jogo, quando a indefinição do placar era total, um pássaro sobrevoando uma das áreas daquelas defesas conseguiu mudar o rumo de tudo – do jogo, e da vida de todos que ali estavam – assistindo ou jogando. Este pássaro na verdade tinha um nome, e vestia a camisa do Corinthians: era Vanderlei, o ponta-esquerda da equipe. Poesia pura.
Mas Vanderlei não voava sem motivo. Um segundo antes, Montanha, o grande cérebro finalizador de torpedos fumegantes, havia soltado a bola, e não em direção ao gol adversário. É que quase no finalzinho do jogo, correndo muitos riscos, Montanha atirou a bola para cima, sobre a defesa do adversário. Ela flutuou sobre as cabeças e a área, e quando parecia que se perderia sem direção nem sentido no ar, aquele pássaro chamado Vanderlei, com um pulo fantástico, quase um voo, segurou-a, e com uma maravilhosa torção de corpo, atirou-a em pleno ar contra o gol do Pinheiros. Vitória.

Cena 3 - O bailado do handebol – o ritmo que me pegou
Vitória. Derrota. Emoção. Poesia. Habilidade. Lealdade. Empolgação. História. Incerteza. Adrenalina. Fervura. Expectativa. Entusiasmo. Volta por cima. Concentração. Velocidade. Espetáculo. Força. Bailado. E vibração, muita vibração. A cada gol – e são muitos no handebol – há vibração; a cada defesa do goleiro, também. A cada bloqueio defensivo, todos também comemoram. É um jogo vibrante.
Acho que de todas as qualidades existentes neste esporte maravilhoso, fui ficando vidrado aos poucos por cada uma. Pouco a pouco, a cada dia, fui conhecendo novas emoções e sensações. Mas acho que foi o ritmo e o bailado do jogo que realmente fizeram minha cabeça. Dentre todas as qualidades, que podem acontecer em diversos esportes, essa é única. O handebol é um jogo que, apesar de disputado em uma quadra grande, de 40 metros, é decidido em lances feitos em pequenos espaços – e para atuar neles, é fundamental ter ritmo, e conseguir alterá-lo constantemente. O ritmo do jogo é fascinante – e foi ele que fez com que o bichinho do handebol me mordesse, em cheio.
Comecei a jogar aos dez anos, nas quadras do Colégio Mackenzie, no centro de São Paulo. Fui levado por um amigo, o Paulinho, que me via jogar queimada nas ruas do bairro, e achou que o meu arremesso era bom. Meu primeiro professor chamava-se Trida, um lendário técnico das hostes mackenzistas. Foi com ele que aprendi a fazer uma passada rítmica (é assim que são conhecidos os três passos permitidos a um jogador de handebol quando tem a posse de bola) diferenciada: ao invés de darmos três passos em sequência, com um pé após o outro, o professor Trida nos ensinou a dar dois pequenos saltos com a perna direita, e, repentinamente, dar o terceiro salto com a esquerda, mudando assim todo o ritmo, e superando o adversário em pequenos espaços – o bailado do jogo entrava em minha vida, para sempre. Aquela passada diferenciada foi marcante para o meu sucesso no jogo, pelo menos quando comecei a jogar.
Fui para outra escola, o Vera Cruz, e agora era treinado pelo grande professor Toshiaki, que foi conquistado pelo meu novo ritmo – com ele disputei inúmeros e inesquecíveis jogos. Dali para o Clube Pinheiros, levado por amigos que me viram bailar nas quadras do acampamento Paiol Grande, foi um pulo. No clube, passei grandes momentos da minha adolescência em quadras de handebol. Descobrindo novos ritmos e passadas, mergulhando fundo em estratégias e táticas para conquistar o espaço dos adversários.
E assim segui para o resto da vida. Muitas vezes jogando de forma medíocre, mas sempre feliz, atuando nas equipes da minha escola, com o grande Walter Musa, ou naquelas dos clubes (sim, depois do Pinheiros, veio a Hebraica, clube em que meu estilo de jogo me rendeu a alcunha de “o bailarino do handebol”). Foi lá também que conheci meu grande amigo Robson Andrade, atual técnico da seleção brasileira feminina até 20 anos (equipe júnior). E com quem dei meus grandes passos como técnico, durante muitos anos, percorrendo o mundo atrás da bola de handebol. Daí para professor da modalidade em universidades foi outro pulo. E foi com pulos e saltos que descobri que o handebol não era um espaço apenas de marmanjos com pés gigantescos e força descomunal.
Percebi que se engana quem pensa que o handebol é um jogo para fortes. Sim, é um esporte viril, no qual há jogadas duras, e onde os arremessos são potentes, e no qual ter força é importante. Porém, no handebol, as qualidades de Apolo (o deus grego da visão, da antevisão e do conhecimento) superam aquelas de Hércules (a divindade que para os gregos representa a força bruta). Isto porque o handebol é um jogo que conta com uma particularidade muito especial: a área do goleiro. Nela, ninguém pode pisar, a não ser, como o nome mesmo demonstra, o goleiro. A área fica protegida por diversos jogadores, que não querem que ninguém se aproxime dela – são defensores “ferozes”, que fazem de tudo para afastar os atacantes dali, e também para tomarem aquilo que eles têm de mais precioso – a bola. Esta área, defendida por verdadeiras paredes humanas, é diferente das áreas do futebol, ou do futsal, que podem ser atacadas e invadidas por todos os lados, em busca do gol. Não, a área de handebol só pode ser invadida quando se pula sobre ela, e o gol, só pode ser conquistado por meio de arremessos de perto, ou de longe da área. Assim, buscar remover as barreiras que não querem que nos aproximemos dela, é fundamental.
Para isso, mais que força, é preciso estratégia, visão, e mesmo antever os passos e movimentos dos adversários que emparedam a área – é necessário o conhecimento simbolizado pelo deus Apolo, muito mais que a força bruta de Hércules. Os jogadores e as jogadoras devem usar a cabeça, imaginar e perceber falhas, pequenos defeitos e possíveis rachaduras nestes paredões defensivos. Os atacantes precisam criar e modificar seus ritmos, em conjunto, dançando com ou sem a bola, por vezes no mesmo sentido, mas em outros momentos na direção contrária, criando movimentos coletivos, tempestades de gestos e atitudes corporais que façam com que esta parede se abra um pouco, ou mesmo afunde.
Este bailado coletivo, improvisado, em um ritmo próprio do qual faz parte inexoravelmente o adversário – e no qual cada movimento é novo e decidido a cada instante, é que dita o correr do jogo de handebol. Em pequenos espaços, grandes decisões; em poucos segundos, riscos gigantescos. Em um ritmo alucinante, a bola se transfere de mão em mão, até o momento do arremesso. Zunindo no ar, ela irá decidir quem terá o próximo momento de vibração. E é esta bola que vamos seguir ao longo deste livro; é ela que irá nos mostrar seus caminhos até o gol, seus desígnios nos mostrarão os próximos vitoriosos ou derrotados – mas todos e todas, independentemente do resultado de cada jogo, conquistarão o principal prêmio que esta modalidade oferece: a possibilidade de abrir a cabeça, sonhar, conquistar espaços, criar, competir e dançar em um ritmo diferente a cada instante. Exatamente como fazemos na vida.

Adeus aos Três Passos! O Handebol vai mudar, e muito! por Lucas Leonardo

Caros amigos, uma notícia quentinha, saída do forno!

Venho realizando um curso de pós-graduação pela Escola Superior de Educação Física de Jundiaí (ESEF-Jundiaí), coordenado pela Professora Rita Orsi, e o primeiro módulo específico sobre handebol já trouxe uma grande novidade.

Em aula ministrada por Sálvio Pereira Sedrez (coordenador do departamento de arbitragem da CBHb), algumas mudanças de regras foram apresentadas e entre elas, uma que promete mudar o que entendemos por handebol hoje.

Sai de cena o ritmo trifásico (o famoso ‘três passos’) e entra em cena a regra dos “CINCO CONTATOS”.

Uma mudança enorme e que deverá entrar em vigor no mundo a partir de agosto/2010, mas que no Brasil pode começar antes, devido à diferença de calendário das competições nacionais e européias.

Essa regra já é oficial, agora um jogador poderá realizar até cinco contatos com o solo quando em posse de bola. Essa regra, na realidade vem para tentar acabar com aquilo que em São Paulo, principalmente, virou o famoso “Mito da passada zero”.

Hoje, o handebol, segundo as regras oficiais, permite que o jogador, caso esteja em um momento de vôo, ou seja, sem tocar o chão, pegue a bola e ao cair (com um pé ou com os dois) tenha a chamada “passada zero” que não conta como um passo, logo, após a zerada, um jogador pode realizar mais três passos.

Além disso, depois dos três passos, um jogador pode driblar a bola e realizar novamente mais uma passada zero (desde que ao pegar a bola esteja novamente em momento e vôo) e depois mais três passos.

Essa forma de deslocar-se na quadra de jogo, sem dúvida, gera muita polêmica entre a relação arbitragem-treinadores-atletas, e é um dos fatores de mais erros de interpretação/reclamações de árbitros e treinadores.

Essas dúvidas ocorrem porque ao realizar a passada zero, o jogador deve ter o contato com o solo em apenas um ritmo. Cair com um pé na passada zero é naturalmente um ritmo único, logo, se o outro pé tocar ao solo, inicia-se a contagem de passos.

A grande dúvida sobre essa regra fica quando o jogador opta em cair com ambos os pés ao mesmo tempo. Se ele conseguir fazer isso, fica caracterizado um único ritmo, logo, mesmo que ambos os pés toquem ao chão, caracteriza-se a passada zero. Porém, se ao cair com os dois pés no solo, acontecer de um pé tocar primeiro que o outro (mesmo que seja em frações de segundo), caracteriza-se a passada zero e depois a primeira passada. Pronto! Está armada a polêmica!

A ideia dos “cinco contatos” é tentar acabar com essa interpretação e toda essa polêmica.

Se, ao pegar a bola estando em momento de vôo (seja por um passe, seja por ele ter driblado a bola anteriormente), o jogador cair com os dois pés, temos ali dois contatos, logo, ele poderá realizar mais três contatos para totalizar os cinco.

Se, ao pegar a bola estando em momento de vôo (seja por um passe, seja por ele ter driblado a bola anteriormente), o jogador cair com apenas um pé, temos ali um contato, logo, ele poderá realizar mais quatro contatos para totalizar os cinco.

NOSSA! Isso muda muitas coisas em nossas aulas e treinos não?! Com certeza!

Seguem algumas reflexões minhas (ainda bastante preliminares e até certo ponto polêmicas, eu sei) feitas no fim de semana sobre o assunto:

Considerações Pedagógicas na Iniciação

Com essas regras, será muito mais fácil estimular nossos alunos a gostarem do handebol. Será mais gostoso jogar com a bola, pois toda a dificuldade de fazê-los entender o que significa a tal da passada zero acabará.

Bastará ensinar que ao receber a bola, cinco contatos poderão ser feitos no chão até o momento em que ele opte ou em passar a bola, ou em arremessá-la, ou em driblá-la.

Se o handebol já era um jogo muito natural de ser aprendido nos termos ofensivos, agora será mais ainda!

Porém, ensinar a jogar sem bola (o que é uma das coisas mais difíceis do processo de ensino-aprendizagem, em minha opinião) será ainda mais difícil do que já é hoje, pois será mais difícil da criança achar razão para correr sem bola, porém, temos que ver como a modalidade se comportará com essa nova regra para avaliarmos se jogar sem bola será assim tão importante quanto é hoje ou mesmo tão afetado.

PONTOS A DESTACAR:

NO QUE SE REFERE À MAIOR POSSIBILIDADE DE ADESÃO DE NOSSOA ALUNOS NAS AULAS, PRINCIPALMENTE NA ESCOLA E NA INICIAÇÃO. PORÉM ENTEDER A VALIDADE DE JOGAR SEM BOLA SERÁ AINDA MAIS DIFÍCIL DE SER ENSINADO AOS ALUNOS.

Considerações Táticas Defensivas

Atacar será uma delícia!… mas defender… nunca foi tão difícil!

Sobre as defesas zonais altas (ou abertas, tais como o 3:3; 3:2:1 e outras variações):

* Ou elas se tornarão extremamente agressivas, a ponto de confundirem-se muito com defesas individuais;
* Ou então elas não serão mais uma boa opção, pois o jogador com a posse de bola, mesmo sofrendo contato, que caracterizaria a falta, poderá insistir um pouco mais (até dois passos a mais do que podia anteriormente) o que possibilitará maior abertura de espaços em largura, principalmente, numa defesa que já possui muitos espaços.

Imaginem um 3:2:1. O jogador mais avançado (que está no centro da quadra), ao realizar um contato no jogador com bola, poderá ser direcionado para a esquerda ou para a direita com mais largura do que hoje, pois uma das determinações visíveis hoje nas arbitragens é que a vantagem seja dada até o máximo de tempo possível. A defesa terá seu centro mais aberto (logo o centro, que tanto devemos proteger no jogo de handebol!) e se um armador cruzar com o central que atacou o defensor avançado da defesa 3:2:1 e assumir esse espaço, ele poderá com dois passos chegar ao marcador da base e com mais três passos fintá-lo.

Realmente, defender será muito difícil. O mais prático será defender-se em defesas bem fechadas, e isso implicará muito numa perca de qualidade do processo de ensino-aprendizagem de alunos da iniciação no que tange às questões estruturais defensivas.

PONTO A DESTACAR:

NO QUE DIZ RESPEITO À CARGA TÁTICA E ESTRATÉGICA, O JOGO SERÁ MUITO MAIS DE JOGADORES HABILIDOSOS DO QUE DE GRANDES ORGANIZAÇÕES ESPACIAIS ESTRATÉGICAS. O JOGO PERDERÁ BASTENTE DAQUILO O QUE HOJE É O GRANDE CHARME DO HANDEBOL – O INTENSO CONFRONTO E ESTUDO TÁTICO ENTRE DEFESA E ATAQUE! MAS GARANTO QUE QUEM CONSEGUIR LIDAR MELHOR DEFENSIVAMENTE COM ESSA NOVA REGRA (SOBRE A PERSPECTIVA TÁTICA, REINVENTANDO FORMAS DE JOGAR TATICAMENTE NA DEFESA) SE DESTACARÁ COMO UM GRANDE TREINADOR/PROFESSOR DA MODALIDADE.

Divulgação da Modalidade

Com essa mudança, o handebol será mais “bonito” de se ver sob a perspectiva da cultura brasileira. Estamos muito acostumados com o paradigma do futebol arte – voltado para jogadores muito habilidosos, que realizam dribles e fintas.

PONTOS A DESTACAR:

SE ESPAÇO NA MÍDIA BRASILEIRA É O QUE O HANDEBOL QUER, AGORA É A HORA DE INVESTIR. O JOGO SERÁ MUITO PLÁSTICO E TOTALMENTE ENGAJADO NAQUILO QUE O BRASILEIRO MAIS GOSTA DE VER NO ESPORTE: A IMPROVISAÇÃO, A DEFESA SUCUMBINDO AO ATAQUE PELA HABILIDADE INDIVIDUAL.

Conclusões (até certo ponto precipitadas)

De qualquer forma, a mudança de regras é sem dúvida válida e tornará o jogo mais dinâmico. Temos que apostar nessas mudanças para que o handebol cresça ainda mais!

Começarei, desde já a estudar com mais detalhes o que essas mudanças trarão de diferenças ao handebol, pois quero, particularmente, sair na frente!

Acho que essa deve ser a ambição de todos que trabalham com o handebol a partir de agora: sair na frente, ver como anular e como potencializar a utilização dessa nova regra do jogo.

Novos desafios se avizinham, pelo menos, até 2012, quando novamente as regras serão discutidas e pode ser que tudo volte ao normal, ou melhor, não tão ao normal, pois muitos iniciantes na modalidade já a terão vivido com a regra dos cinco contatos e ensiná-los a zerar e dar mais três passos será uma tarefa bastante difícil, mas é pra isso que estamos aqui, na parte de baixo desse imenso iceberg.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Explorando Pedagogicamente as Regras do Handebol – A Equipe, o Goleiro e a Área do Goleiro, por Lucas Leonardo

Continuando o estudo que visa explorar pedagogicamente as regras oficiais do handebol, comentarei agora sobre as regras que incidem nos goleiros e na formação de uma equipe. (Fonte: http://www.ligahand.com.br/confe/regrasl.php)

Regra IV – A Equipe, Substituições e Equipamentos (Regra colocada parcialmente, dando ênfase para a formação da equipe, apenas)

4.1 Uma equipe consiste de 14 jogadores.
Não mais do que 7 jogadores podem estar presentes na quadra de jogo ao mesmo tempo. Os demais jogadores são substitutos.

Durante todo o tempo do jogo, a equipe deve ter um dos jogadores na quadra designado como goleiro. Um jogador que está jogando na posição de goleiro pode se tornar um jogador de quadra a qualquer momento. Do mesmo modo, um jogador de quadra pode se tornar um goleiro a qualquer momento (ver, contudo, Regras 4.4 e 4.7).

Uma equipe deve ter pelo menos 5 jogadores na quadra no começo do jogo.

O número de jogadores da equipe pode ser aumentado até 14, a qualquer momento durante o jogo, incluindo o período extra.

O jogo pode continuar mesmo se uma equipe ficar reduzida a menos de 5 jogadores na quadra. Depende dos árbitros julgarem se e quando o jogo deveria ser suspenso permanentemente (17.12).

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Regra V – O Goleiro

Ao goleiro é permitido:
5.1 Tocar a bola com qualquer parte do seu corpo enquanto numa tentativa de defesa, dentro da sua área de gol.
5.2 Mover-se com posse de bola dentro da área de gol, sem estar sujeito as restrições aplicadas aos jogadores de quadra (Regras 7.2-4, 7.7); ao goleiro não é permitido, contudo, atrasar a execução do tiro de meta (Regras 6.4-5, 12.2 e 15.5b);
5.3 Sair da área de gol sem a bola e participar do jogo na área de jogo; enquanto fizer isto, o goleiro se sujeita às mesmas regras aplicadas aos jogadores na área de jogo;
O goleiro é considerado fora da área de gol tão logo qualquer parte de seu corpo toque o solo no lado de fora da linha da área de gol;
5.4 Sair da área de gol com a bola e jogá-la de novo no área de jogo, se ele não tiver o completo controle da mesma.

Ao goleiro não é permitido:
5.5 Colocar em perigo o adversário enquanto em uma tentativa de defesa (8.2, 8.5);
5.6 Sair da área de gol com a bola sob controle ; isto conduz a um tiro livre (de acordo com 6.1, 13.1 a, e 15.7, 3º parágrafo), se os árbitros tinham apitado para a execução do tiro de meta; senão, simplesmente se repete o tiro de meta (15.7, 2º parágrafo); (ver, contudo, a interpretação da vantagem em 15.7, se o goleiro estava para perder a bola fora da área de gol após ter cruzado a linha com a bola em suas mãos);
5.7 Tocar a bola quando ela está parada ou rolando no solo do lado de fora da área de gol, enquanto ele estiver dentro da área de gol (6.1, 13.1 a);
5.8 Levar a bola para dentro da área de gol quando ela está parada ou rolando no solo no lado de fora da área de gol (6.1, 13.1 a);
5.9 Reentrar na área de gol vindo do terreno de jogo com posse de bola (6.1, 13.1 a);
5.10 Tocar a bola com o pé ou a perna abaixo do joelho, quando ela estiver parada no solo na área de gol ou movendo-se para fora em direção à área de jogo (13.1 a);
5.11 Cruzar a linha de limitação do goleiro (linha de 4 metros) ou sua projeção em ambos os lados, antes que a bola tenha saído da mão do adversário que está executando um tiro de 7 metros (14.9).

Regra VI – A Área de gol

6.1 Somente ao goleiro é permitido entrar na área de gol (ver, contudo, 6.3). A área de gol, que inclui a linha da área de gol, é considerada invadida quando um jogador de quadra a toca com qualquer parte de seu corpo.

6.2 Quando um jogador de quadra entra na área de gol, as decisões devem ser as seguintes:

* tiro de meta quando um jogador de quadra da equipe que está em posse de bola entra na área de gol com a bola ou entra sem a bola, mas ganha vantagem fazendo isto (12.1);
* tiro livre, quando um jogador de quadra da equipe defensora entra na área de gol e ganha vantagem mas sem impedir uma chance de marcar um gol (13.1b), ver também Esclarecimento nº 5.1;
* tiro de 7 metros, quando um jogador de quadra da equipe defensora entra na área de gol e por causa disto impede uma clara chance de marcar um gol (14.1 a).

6.2 Entrar na área de gol não é penalizado quando:

1. um jogador entra na área de gol depois de jogar a bola, desde que isto não crie uma desvantagem para os adversários;
2. m jogador de uma das equipes entra na área de gol sem a bola e não ganha vantagem fazendo isso.

6.3 A bola é considerada estar “fora de jogo” quando o goleiro a controla com suas mãos dentro da área de gol (12.1). A bola deve ser colocada de volta em jogo através de um tiro de meta (12.2).

6.4 A bola permanece em jogo, enquanto ela está rolando no solo dentro da área de gol. Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro pode pegá-la, o que a trará para fora de jogo, e então colocá-la novamente em jogo, de acordo com 6.4 e 12.1-2 (ver, contudo, 6.7b). Isto conduz a um tiro livre (13.1 a) se a bola for tocada por um companheiro do goleiro enquanto ela estiver rolando (ver, contudo, 14.1 a, em conjunto com o Esclarecimento nº 8c), e o jogo será continuado com tiro de meta (12.1 (iii)) se ela for tocada por um adversário.

A bola está fora de jogo, logo que ela estiver parada no piso dentro da área de gol (12.1 (ii)). Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro deve colocá-la novamente em jogo de acordo com 6.4 e 12.2 (ver, contudo, 6.7b).

Permanece como tiro de meta se a bola for tocada por qualquer outro jogador de qualquer equipe (12.1, 2º parágrafo, 13.3).

Está totalmente permitido tocar a bola quando ela estiver no ar sobre a área de gol.

6.5 A bola permanece em jogo, enquanto ela está rolando no solo dentro da área de gol. Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro pode pegá-la, o que a trará para fora de jogo, e então colocá-la novamente em jogo, de acordo com 6.4 e 12.1-2 (ver, contudo, 6.7b). Isto conduz a um tiro livre (13.1 a) se a bola for tocada por um companheiro do goleiro enquanto ela estiver rolando (ver, contudo, 14.1 a, em conjunto com o Esclarecimento nº 8c), e o jogo será continuado com tiro de meta (12.1 (iii)) se ela for tocada por um adversário.

A bola está fora de jogo, logo que ela estiver parada no piso dentro da área de gol (12.1 (ii)). Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro deve colocá-la novamente em jogo de acordo com 6.4 e 12.2 (ver, contudo, 6.7b).

Permanece como tiro de meta se a bola for tocada por qualquer outro jogador de qualquer equipe (12.1, 2º parágrafo, 13.3).

Está totalmente permitido tocar a bola quando ela estiver no ar sobre a área de gol.

6.6 O jogo deve continuar (através de um tiro de meta segundo a regra 6.4-5) se um jogador da equipe defensora tocar a bola quando em um ato de defesa, e a bola é agarrada pelo goleiro ou vem a permanecer dentro da área de gol.

6.7 Se um jogador jogar a bola dentro de sua própria área de gol, as decisões devem ser as seguintes:

* gol, se a bola entrar na baliza;
* tiro livre, se a bola vier a permanecer dentro da área de gol, ou se o goleiro tocar a bola e ela não entrar na baliza (13.1 a-b);
* tiro lateral, se a bola sair pela linha de fundo (11.1);
* o jogo continua, se a bola passar através da área de gol e voltar para o área de jogo, sem ser tocada pelo goleiro.

6.8 A bola que retorna da área de gol para a área de jogo permanece em jogo.

Considerações Pedagógicas sobre as regras do Goleiro de Handebol e a Formação da Equipe

Foco nas considerações sobre o goleiro

Falar do goleiro sempre é uma tarefa importantíssima na iniciação do handebol. Como principais pontos a serem esclarecido nesse artigo, citarei especificamente como as regras que falam (1) do fato de este poder jogar normalmente como um jogador de quadra ter a partir disso sobre ele a aplicação das mesmas regras que os jogadores de quadra; e (2) existência de uma área exclusiva ao goleiro; podem ser compreendidas e consideradas num processo pedagógico do handebol.

Atuando como jogador de quadra e as considerações pedagógicas

Ao observar que o goleiro pode sair livremente de sua área sem a posse de bola e atuar como um jogador de quadra torna-se possível verificar a importância de, em um processo de iniciação à modalidade, o goleiro não vir a ser uma posição específica do processo pedagógico, mas sim como um conteúdo que deve abranger toda a iniciação da modalidade, a final, segundo esclarece as regras, o goleiro pode jogar na quadra, normalmente, porém, o jogador de quadra não pode atuar como goleiro.
Todos os alunos devem vivenciar situações de proteção de alvos variados (mini ou grandes gols, cones, áreas e etc..) além da vivência das ações da quadra, pois numa perspectiva global de ensino não podemos pensar em hipótese alguma na especialização de goleiros apenas no gol e de jogadores de quadra apenas na quadra, uma vez que verificamos que um goleiro pode atuar tanto dentro quanto fora de sua área.

A área exclusiva e as considerações pedagógicas

Outro fato importante a ser destacado é a existência de uma era exclusiva para o goleiro. Observando esse fato, mostra-se uma grande diferenciação que o goleiro de handebol poderá ter se comparado a goleiros de outras modalidades, como o futsal e o futebol.
A bola, ao adentrar na área e ter o contato do goleiro passa, segundo as regras a ser compreendida como bola “fora de jogo”, e esta só voltará a entrar em jogo caso o goleiro a reponha para fora dessa área.
Portanto, havendo essa característica, observa-se como os goleiros de handebol podem dissociar a forma de defender se alvo apenas da utilização das mãos, pois devido à existência de uma área que seja exclusiva a ele, o goleiro poderá apenas interceptar a bola, sem a preocupação em dar, ou não, rebote, pois mesmo que o rebote seja dado e a bola ainda estiver em sua área, ela estará “fora de jogo”, segundo as regras.
Na iniciação, portanto, as atividades de aprendizagem das situações do goleiro devem contar com a presença de regras que estimulem ao aluno que está protegendo um alvo, a possibilidade dele “dar rebotes” sem que isso seja um problema grave para sua equipe, estimulando assim, a utilização dos pés, do braço e do tronco, além de suas mãos.
Isso pode se dar através de jogos em que existam áreas exclusivas dividindo duas equipes (Queimadas, Jogos de Rede em que a bola não possa cair no chão de primeira, jogo de alvos com a existência de áreas exclusivas para um defensor dos alvos, e outras adaptações).

Foco sobre a formação da equipe

Analisando a formação da equipe, nos deparamos inicialmente com números – “não menos que 7 jogadores podem estar presentes na quadra ao mesmo tempo”.
Verificamos, porém, que uma partida pode ser iniciada mesmo que haja apenas 5 jogadores de quadra e ainda é possível perceber pelas regras que em alguns momentos da partida, poderá existir um número ainda menor de jogadores de uma equipe.
Portanto, o número de jogadores de uma equipe num jogo formal pode variar e, portanto, faz-se necessário que jogos com variação de números de jogadores façam parte do processo pedagógico.
Unindo essa idéia de “variação de número de jogadores” com a idéia tratada no artigo anterior de adaptação de tamanho da quadra (clique aqui e veja o artigo anterior) torna-se importante que as várias situações numéricas de um jogo de handebol sejam vivenciadas (1×1, 2×2, 3×3, 3×2, 4×3, 4×2, 5×1, 5×5 e etc..).
Isso não impede que jogos com mais que 7 jogadores por equipe possam ser feitos, isso, pensando num processo de iniciação, torna-se também necessário, aumentando o suporte de jogadores para os iniciantes, ajudando a realização de passes e facilitando encontrar colegas desmarcados para que o jogo aconteça.
Greco & Benda (1998 ) destacam a utilização de uma “metodologia situacional” onde as situações do jogo, com variado número de jogadores das equipes sejam exploradas.

Bibliografia

GRECO, Pablo Juan., BENDA, Rodolfo Novellino. Iniciação esportiva universal: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: UFMG, 1998

Explorando Pedagogicamente as Regras do Handebol – O Manejo e o Deslocamento com a Bola

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Como pensar a formação de um jogador de Handebol I – Disposições Preliminares

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HANDEBOL NA VEIA – Esporte e comunidade

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Você que está visitando este sítio, possivelmente já jogou handebol. Provavelmente, você conheceu um mínimo da modalidade enquanto estava na escola, e jogou handebol em aulas de Educação Física no ensino fundamental e médio. Talvez você tenha se engajado em equipes representativas da sua escola, e disputado competições intercolegiais – são dezenas, talvez centenas de [...]

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Há quem diz que no Brasil só se joga futebol. Como diria o professor Nicolau: ‘ledo engano’! Também jogamos handebol. E pra sustentar essa afirmação, peço licença ao amigo leitor para fazer um relato e do relato uma homenagem e da homenagem uma reflexão pedagógica.


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Uma das dúvidas mais freqüentes nos processos de ensino-aprendizagem do handebol está nas possibilidades de manejar a bola e deslocar-se com ela. Essa dúvida geralmente centra-se nas seguintes questões: “Quantos passos posso dar com a bola?”; “Quantas vezes posso ‘quicar a bola’ (driblar)”; “O que é ritmo trifásico”; “O que é duplo ritmo trifásico?”. A [...]

Os problemas da especialização precoce em busca do resultado, Tathy Krahenbühl

Neste texto quero compartilhar uma preocupação com a especialização precoce de atletas no contexto da formação do handebol. A discussão não será quanto ao treinamento biológico precoce, mas quanto a especificação da posição, da falta de uma construção do conhecimento geral para o específico, deixando de promover a vivência e acompanhamento de todas as fases, sem prejudicar o aluno no seu processo de aprendizagem e aperfeiçoamento.

No dia-dia de treinamento de categorias de base chegam muitos alunos que não têm conhecimento sobre os conteúdos básicos do handebol e nem mesmo possuem um aprendizado anterior satisfatório para alcançar a meta do grupo, e muitas vezes não temos tempo de ensiná-los, sem pular etapas do treinamento, por já estarmos no meio do planejamento, ou quando já estamos com algumas metas traçadas. Porém, um erro grave e comum é colocá-los em uma posição durante os jogos ou coletivos em que eles não “atrapalhem” o treinamento ou onde “prejudicam” menos.

Nesta questão, quando um aluno chega nesta situação e o colocamos para jogar, em uma posição que julgamos menos complexa e lá o deixamos, estamos especializando precocemente um aluno que não passou por todas as fases do aprendizado. Em alguns de nossos textos publicados, falamos sobre o processo de ensino aprendizagem, em que envolvem os princípios operacionais e as fases do aprendizado para os jogos.

Relembrando os princípios operacionais do jogo, temos na visão dos estudos de Garganta (1998), os princípios do ataque, em que se enquadram a conservação da bola, progressão dos jogadores e da bola à baliza adversária, atacar a baliza adversária para alcançar o ponto, e os princípios defensivos, com a recuperação da bola, impedimento quanto a progressão da bola e dos jogadores adversários à meta, e proteção da baliza.

O aluno especializado precocemente saberá efetuar estes princípios, porém, somente na posição específica, ou seja, ele aprenderá estes princípios operacionais limitados a ação da posição, e no quando este aluno precisar, em um momento mais complexo do jogo, realizar alguns destes princípios em outra posição, ele não o executará com confiança, não terá habilidade, visão de jogo, entendimento e precisão para a tarefa proposta.

Um exemplo é quando o professor coloca um aluno para ser ponta direita, por que lá ele atrapalha menos, e então esse aluno faz todo o treinamento nesta posição. Ele saberá iniciar o ataque, saberá arremessar quando “sobrar”, e até mesmo saberá enfrentar a situação de 1×1 nesta posição. Porém, quando o jogo tornar-se mais complexo, com trocas de posto, cruzamentos, ele não saberá jogar na posição do armador ao seu lado, e isto será prejudicial do ponto de vista tático para o grupo.

___________________________

Como um jogador que nunca jogou em outras posições irá conseguir corresponder a ações táticas mais complexas se ele não tem o aprendizado necessário ao jogo como um todo?

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Por isso, é assustador ver quando uma equipe de base, em que há diferenças de idade, tanto cronológicas quanto biológicas entre os jogadores, coloca os “menos habilidosos” ou que ainda não entendem o jogo formal para jogar em posições “menos prejudiciais”, como pontas e pivô, e acabam formando vários atletas especializados precocemente.

Concordo com a ideia de Grecco (1995), que a partir dos 15, 16 anos, os atletas devem estar preparados para assumir funções específicas dentro da modalidade coletiva, porém, a especialização dos jogos desportivos coletivos é uma etapa subseqüente à iniciação esportiva. Os atletas precisam ter o conhecimento técnico e tático de todas as funções e de todos os tipos defensivos e ofensivos para que então ocorra a especialização em questão.

Assim, a especificidade do gesto técnico ou a definição de uma função na quadra devem estar de acordo com as experiências vividas anteriormente. Ou seja, este aluno precisa passar por todas as etapas do processo de aprendizado da modalidade para que então ele defina uma posição. Gomes (2002) relata que a especialização estreita quando se ignora o necessário desenvolvimento multilateral, contradiz o desenvolvimento natural do organismo principalmente nas idades infantis e juvenis. É importante que estes atletas tenham competências para concentrar suas ações e capacidades nos princípios que regem o jogo, como comunicação, posicionamento em espaços vazios, antecipação de ações ofensivas e defensivas, em todos os espaços do jogo.

Por isso, é necessário promover a passagem destes alunos pelas etapas do processo de ensino da modalidade de maneira global antes de chegar ao específico, para que, quando for o momento certo de especializá-lo, este jogador tenha todo o repertório motor, cognitivo e psicológico para assumir a sua posição no grupo, e efetuá-la de maneira precisa e satisfatória técnica e taticamente.

Referências:

GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Eds). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 3 ed. Lisboa: Universidade do Porto, 1998.

GOMES, A.C. Treinamento Desportivo: Estruturação e periodização. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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